Altered Carbon parecia uma série feita sob medida para um fã de cyberpunk como eu, mas depois de quase dormir por metade dos episódios tive que devolver esse corpo pra geladeira.
A premissa é interessante: as implicações sociais e religiosas da imortalidade clínica, com uma casta de ‘Matusas’ que possui dinheiro suficiente para se clonar e transferir a consciência de corpo em corpo e viver indefinidamente. Pena que o resto da construção de mundo é cópia preguiçosa de clichês cyberpunk de K. Dick, Gibson, etc.
O roteiro tem diálogos sem graça e uns momentos Deus ex Machina de rolar os olhos. Desisti justamente na hora que devia estar escrito no roteiro “aí aparece um superninja e salva eles”.
Se não salvasse pra mim estava ótimo, porque eu não ligava para nada que acontecia com os personagens. Até o próprio protagonista Takeshi Kovac tem cara de entediado enquanto investiga o assassinato de um bilionário ‘Matusa’ – os poderosos se revivem até depois de assassinados – e parece prestes a bocejar em metade das cenas. Eu percebi que torcia por ele só quando ele falava em desistir e ir para a morte real.
As cenas de ação também são mais ou menos, parecem tentar um pouco demais serem cool e ultraviolentas. Fora a tendência de ‘cyber-whitewashing’ de pegar um personagem japonês e tacar em um corpo ocidental, não por contribuir para a história, mas pra justificar a presença de um ator mais famoso no protagonista, como no filme de Ghost in the Shell. Altered Carbon me pareceu um belíssimo corpo vazio como os clones que esperam ser revividos, mas sem a ‘alma’ ou consciência que dão vida real.
Acho que com uma edição inteligente até pode existir um bom filme de 2 horas no material de Altered Carbon, mas como série de 10 horas… eu não sou imortal pra perder o meu tempo assim não.
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