A Física do Futuro, de Michio Kaku 📖 Leituras do Solari #126

Físico quântico entrevista centenas de cientistas de ponta para especular como a tecnologia pode mudar a civilização humana nos próximos 100 anos.

Isaac Asimov once said, “The saddest aspect of society right now is that science gathers knowledge faster than society gathers wisdom.”

Na onda de cientistas que popularizam a ciência, um dos meus favoritos é Michio Kaku; um dos idealizadores da teoria das supercordas da Física Quântica com um grande talento para explicar a leigos conceitos como universos de 11 dimensões, singularidade, buracos negros, antimatéria. Tempos atrás li “Physics of the Impossible”, em que ele analisava a possibilidade da ciência atingir tecnologia comuns da ficção científica. Em “Physics of the Future”, Kaku fica menos especulativo e entrevista 300 cientistas de ponta para fazer previsões de como a tecnologia deve mudar o mundo nos próximos 100 anos.

O que costuma diferenciar os relatos de Kaku é que ele tem conhecimento em primeira mão de protótipos das tecnologias que menciona, como braços prostéticos controlados pela mente, inteligência artificial realista e equipamento de eletroencefalograma que cabe no bolso. Ele vai às universidades e vê em primeira mão os protótipos, além de ter conhecimento científico para explicar o básico da teoria por trás. Isso tenta remediar o fato de que previsões sobre o futuro costumam ser tão comuns quanto erradas. Afinal já não devíamos faz tempo estar indo de carro voador pra passar o fim de semana na lua?

Entre as inovações que me chamaram mais a atenção estão equipamentos de diagnóstico médico pequenos e baratos capazes de diagnosticar doenças como o câncer muito antes do desenvolvimento de tumores e a custo praticamente zero. A queda nos preços de microprocessadores também vai permitir uma geração de computadores descartáveis, com chips em roupas ou tablets tão finos e substituíveis como uma folha de papel. Independente de seguir o cronograma das premonições de Kaku, o livro já vale por mostrar o que há de mais avançado em ramos como nanotecnologia, energia, exploração espacial, muitos outros. Tecnologias reais que apenas não se tornaram comerciais ainda.

Today, your cell phone has more computer power than all of NASA back in 1969, when it placed two astronauts on the moon. Video games, which consume enormous amounts of computer power to simulate 3-D situations, use more computer power than mainframe computers of the previous decade. The Sony PlayStation of today, which costs $300, has the power of a military supercomputer of 1997, which cost millions of dollars.

Como apontou uma resenha do New York Times, como escritor Michio Kaku é um excelente cientista. Suas frases são repletas de clichês – em particular com as comparações de como a ciência pode imitar “o poder dos deuses” da mitologia. Mesmo assim, é um desconto fácil do leitor dar considerando a qualidade das informações que o livro traz.

É interessante como os físicos enxergam o desenvolvimento humano de forma diferente dos historiadores. Ao invés de movimentos sociais, migrações e impérios; a partir do uso de energia. Do 1/5 cavalos força (a força humana), à força dos animais com a domesticação de animais, depois a máquina a vapor, eletricidade, energia atômica. Ele desmistifica também o futuro da exploração espacial. Ao invés de naves tripuladas enormes do tipo Jornada nas Estrelas, provavelmente vamos enviar espaço afora sondas do tamanho de grãos de areia aos milhões.

Eu acho que a maioria das previsões sobre o futuro erra não porque preveem de forma errada o funcionamento das coisas, mas sim porque os inventores não imaginam a utilização que vai popularizar a invenção. A internet foi concebida como uma ferramenta militar e educacional e acabou como uma rede de pornografia e divulgação de vídeos de gatos fazendo coisas engraçadinhas. O botox foi criado com a paralisia infantil em mente, mas popularizado para enrijecer o rosto de dondocas.

Nesse quesito, acho Kaku um pouco otimista demais, mas gostei como ele incluiu um capítulo sobre os desafios da desigualdade para o novo milênio. Apesar de toda a prosperidade que a ciência trouxe no século 20 (temos hoje um café da manhã que reis do passado não tinham e vivemos mais que o dobro de alguns séculos atrás) ainda metade da população mundial vive com o equivalente a 2 dólares ou menos por dia. Como William Gibson falou, o futuro já chegou, ele só não foi distribuído.

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