Foundryside, de Robert Jackson Bennett – 📖 Leituras do Solari #217

That was how scrivings worked: they were instructions written upon mindless objects that convinced them to disobey reality in select ways.

Foundryside é um livro de fantasia ambientado em uma cidade chamada Tevanne, que está passando por uma espécie de revolução industrial graças a uma magia chamada “scrivining”, que consiste em usar símbolos mágicos para distorcer as leis da física e mover carruagens automaticamente, iluminação nas ruas, portas automáticas e diversas facilidades que nós atribuímos à tecnologia. O livro tem edição no Brasil pela Morro Branco.

O livro acompanha Sancia, uma ladra que é contratada para invadir um dos “cantos”, bairros de uma das casas mercantes privilegiadas de Telvanne, para roubar um misterioso objeto que ela descobre ser consciente. E logo se inicia uma sequência de traições envolvendo a tentativa de conjurar poderes há muito adormecidos.

O diferencial central do livro é o criativo sistema de magia baseado em símbolos mágicos feitos a partir de um idioma angelical, que é baseado na lógica e lembra muito a programação em computadores. O autor mostra muita versatilidade e variedade nesse sistema de “scrivining”, que pode estar presente em objetos pequenos e mundanos a edifícios inteiros. Os personagens também são bem construídos e as diversas cenas de “heist”, planejamento e execução de roubos, são envolventes.

O interessante de Foundryside é que, apesar de fantasia em uma ambientação renascentista (até os nomes têm inspiração italiana), é que acaba sendo pra todos os efeitos um livro Cyberpunk. Sancia é o perfeito arquétipo do hacker, capaz de ler e influenciar os símbolos mágicos, as corporações viram casas mercantes, as ameaças das Inteligências artificiais que podem ser soltas no mundo são os hierofantes, precursores da civilização atual com o poder de deuses, mas que desapareceram misteriosamente. Tem até um personagem equivalente a um “street samurai”.

Eu gosto de histórias que misturam magia e tecnologia, mas geralmente elas são colocadas lado a lado, coexistindo, como a série de livros, jogo e RPGs Shadowrun, e até os meus próprios livros da série Cybersampa. O interessante de Foundryside é que aqui a magia e tecnologia não estão lado a lado, mas sim fundidas em uma só. O que parece ser uma curiosa variação da máxima de Arthur C. Clarke, de que que qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinta da magia.

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