Desvendando os Quadrinhos; de Scott McCloud 📖 Leituras do Solari #195

Obrautiliza a linguagem dos quadrinhos para explicar a arte sequencial com perfeita integração entre texto e imagem
Um livro teórico em quadrinhos sobre quadrinhos que traz uma visão rica e criativa sobre como pensarmos a arte sequencial. Na verdade, é um dos melhores livros teóricos que já li. O quadrinista Scott McCloud –que mantém um site bem ativo sobre as novidades no mundo das HQs alternativas (http://scottmccloud.com/)—se tornou uma referência após lançar esta obra em 1993.

O grande trunfo de Desvendando os Quadrinhos  é que a própria obra é um exemplo vivo das teorias que propõe. As imagens e textos funcionam de uma forma tão bem integrada que permitem a transmissão de conceitos de uma forma extremamente simples. Imagine um livro teórico sobre um tema difícil, mas que você vai recebendo exemplos explicativos assim que bate o olho na frase, ou neste caso, nos quadros.

McCloud inicia a sua jornada traçando uma linha do tempo do desenvolvimento da arte sequencial. Porém ele vai muito além do século 19, quando o quadrinho moderno começou a aparecer de uma forma semelhante à qual o compreendemos hoje, mas em murais egípcios, de povos pré-colombianos ou tapeçarias medievais. Uma afirmação interessante é a de que a forma como os murais egípcios são separados em livros sobre o tema não permite que se enxergue a totalidade da história. É como vermos um frame de um filme ao invés dele inteiro.

Desvendando os Quadrinhos não se atém apenas o quadrinho na realidade, pois muitas de suas considerações podem ser extrapoladas para toda a comunicação visual (particularmente as discussões sobre abstração de imagens), ou até para o conceito geral de arte.

A aproximação da narrativa dos quadrinhos com o cinema (afinal não é o cinema quadros em movimento?) fez com que a obra também se tornasse de interesse para cineastas e roteiristas. Em especial nos trechos sobre como o leitor ou espectador completa a narrativa com informações subentendidas na obra. Um exemplo é uma cena no qual se vê um personagem prestes a golpear o outro com um martelo, e no próximo quadro há apenas um grito e uma visão aérea da cidade. É o leitor cria esse assassinato e o impacto é até maior do que se o víssemos.

McCloud criou duas outras sequências. Desenhando Quadrinhos, que achei mediano, e Reinventando os Quadrinhos, que achei desnecessário. O primeiro lida com a parte mais técnica de criar quadrinhos, enquanto o segundo, mais especulativo, trata de como as novas mídias e modelos de distribuição de HQs podem modificar a arte sequencial.

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