O Fim da Morte, de Cixin Liu 📖 Leituras do Solari #181

Como mencionei nos livros anteriores da saga dos Três Corpos, o autor Cixin Liu criou um aumento gradual do escopo. O primeiro livro começa com um fenômeno estranho, entram aliens. O segundo começa com aliens, expande para um universo repleto de civilizações. E O Fim da Morte já começa com um universo repleto de aliens para… talvez novos universos inteiros e novas definições de dimensões e do tempo?

Um traço que achei que diferencia a trilogia da grande maioria dos livros de ficção científica e a construção de mundo, ou melhor, as construções de mundos. Os saltos temporais dos personagens, seja por criogenia, seja por outros meios, traz uma nova construção de mundo quando acordam. Uma nova sociedade, nova moda, novas tecnologias. O que muitos livros fazem uma vez, explicar um livro diferentes, Cixin Liu faz constantemente e diversas eras interligadas. Um dos poucos outros livros que lembro que fizeram algo semelhante é o Guerra Sem Fim.

E mesmo com esse escopo grandioso de verter as leis da física, o autor consegue abordar temas simples, como o retorno ao  tema de um indivíduo aparentemente medíocre, mas que tem alguma qualidade especial que o torna vital para a humanidade. Talvez até para todo o universo. Assim como a âncora espiritual da humanidade com a Terra, com a mudança da psicologia humana ao explorar o espaço.

E interessante é que, se parece existir uma constante nesse multiverso de universos de diferentes dimensões empilhados um sobre os outros, é a psicologia das civilizações.

Um dos pontos altos é a interação de cooperação e competição entre a humanidade e trisolaris. Um respeito mútuo entre oponentes mantido pelo medo da destruição mútua, numa espécie de guerra fria espacial. Como apesar da competição, as duas civilizações têm muito mais em comum entre si do que com o restante do universo sombrio.

Gostei também bastante da ideia de três contos de fadas com conhecimentos secretos para salvar a humanidade. Com toda a tecnologia avançada descrita no livro, ainda são as ferramentas mais básicas, seres humanos dividem dividindo contos em torno de fogueiras desde o começo da civilização, que trazem a salvação.

O Fim da Morte te lança a todo instante ideias fascinantes. Como uma civilização pode parecer não ameaçadora? Quais as consequências de mudar a constante da velocidade da luz? Como seria um universo de dez dimensões? Qual o impacto para o cérebro humano de deixar a Terra? Qual as consequências da racionalidade absoluta sem empatia? Uma dessas ideias já bastaria para outros livros, mas a saga de Cixin Liu as empilha para o leitor.

Uma frase do próprio livro é pra mim o que melhor o define: “o destino final de todos os seres inteligentes é se tornar tão grandioso quanto suas ideias”. E é isso que Cixin Liu conseguiu fazer na trilogia O Problema dos Três Corpos: dar na ficção a possível dimensão das aspirações da nossa civilização.

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