“Solari, onde você ouvir falar desse livro?”. Se eu tivesse um centavo para cada vez que eu ouvi essa pergunta eu provavelmente teria mais de um real a esta altura. A resposta pode ser que li em um artigo, que alguém sugeriu, que eu li dentro de outro livro, que o autor morreu, ou que eu encontrei o livro mencionado dentro de outro livro, ou eu encontrei o cenário do livro dentro de um software de simulação do Universo.
Temos muitas histórias de asteroides se chocando contra a Terra, mas o que me atraiu em Nomad é que ele trás um cenário ainda mais assustador: imagine se um fucking buraco negro de 30 vezes a massa do Sol passa de raspão pelo sistema solar e ferra todo o equilíbrio gravitacional entre os planetas.
Essa ideia fascinante de um objeto de massa gigantesca ferrando com o sistema solar como uma bola de canhão caindo numa mesa de bilhar. Em particular como a influência gravitacional se torna bem maior que a da lua e cria variações imensas nas marés e ondas de centenas de metros, além de rachar a crosta terrestre feito a casca de um ovo.
Os personagens tem certa dimensionalidade, como o cientista genial que pode ter descoberto o buraco negro Nomad há décadas, um barão italiano que paga de galã e uma veterana de guerra com uma perna postiça que faz vídeos de ação no YouTube. A história em si acompanha tal cientista, sua esposa e filha, a tal moça dos vídeos do YouTube, a se reunirem em um castelo na Toscana. Mas, infelizmente, achei que essas ideias foram menos utilizadas do que eu gostaria e a narrativa se apegou mais a um thriller meio bizarro envolvendo feudos entre famílias italianas, por incrível que pareça.
Nomad é um daqueles livros que acabou mais me lembrando de livros semelhantes melhores. A psicologia do apocalipse iminente, por exemplo, foi na minha opinião melhor trabalhado em livros como O Último Policial.
Acho que esperava um livro diferente de Nomad, é muito mais sobre uma história bem particular com o pano de fundo de Nomad em um cantinho da Itália com um thriller com personagens que, francamente, não me importava muito o que aconteceria com eles, mas queria ver o aspecto mais amplo do desastre global, o que acontecia apenas de relance.
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