The Invincible, de Stanislaw Lem 📖 Leituras do Solari #147

The Invincible é mais um clássico da ficção científica pelo polonês Stanislaw Lem, autor do incrível Solaris. Publicado originalmente em 1964, o livro retorna ao tema contido em Solaris de como a humanidade pode encontrar uma forma de vida tão diferente que nem a reconhece como vida, ou que torna preciso redefinir o que é vida.

A história acompanha a tripulação do cruzador Invincible ao planeta Regis III em uma missão de resgate de uma nave da mesma classe que foi explorar o planeta um ano atrás e não deu mais notícias. E se deparam com um planeta que já teve uma rica flora e fauna há milhões de anos, mas hoje está isento de vida. Ou do que entendemos por vida.

É muito interessante como o autor constrói as descrições de procedimentos científicos, técnicos e coordenação militar já nas primeiríssimas páginas antes mesmo da tripulação acordar. Luzes que piscam, monitores se acionam, fitas magnéticas giram, motores elétricos ligam:

“Barras de cádmio escorregam de reatores auxiliares, bombas magnéticas alimentam sódio líquido em bobinas de refrigeração, e um obturador passa pelos pavimentos de metal dos deques da popa, enquanto ao mesmo tempo um leve som mecânico dentro das paredes, soando como se rebanhos inteiros de pequenos animais batessem suas garras contra o metal, indicando que os aparelhos de checagem e reparo já iniciaram sua viagem de muitas milhas, inspecionando cada soldagem das vigas, testando o isolamento a ar do casco e a integridade das juntas de metal.”

Essas descrições técnicas e científicas mostram a humanidade orgulhosa do seu poder de controlar o mundo através da ciência. Muitos equipamentos, robôs, escudos de força, procedimentos para pousar, diferentes especializações de cientistas. O próprio Invincible é um bom exemplo dessa “ciência ostentação”. A cada parágrafo o autor constrói muito bem essa ideia de uma “vida” não biológica e, no planeta, há uma sensação de constante batalha silenciosa contra a presença humana. O próprio vento já tenta “curar” com areia os sinais de pouso da nave assim que ela levanta voo.

O livro traz a ideia fascinante de necrosfera, de uma evolução não-biológica, além da ideia de que contra um organismo adaptado em seu meio ambiente por milhões de anos a humanidade, mesmo com todo seu intelecto, não tem chance.

É um livro que aborda aquela tão humana tendência de “ir mexer com que está quieto”, a necessidade de controlar e subjugar a natureza. O livro traz um crescendo para um final progressivamente desesperado, com o tom mais frio militar do início perdendo espaço. E um finalzinho com um tom surpreendentemente otimista sobre a capacidade do engenho humano. Solaris ainda é meu livro favorito de Lem, mas existe muito motivo para se fascinar com The Invincible.

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