Se você joga videogame, o nome de Hideo Kojima não deve ser estranho. Ele é um dos principais nomes do game designer, digamos, “autoral”, responsável pela série Metal Gear e, mais recentemente, Death Stranding.
Ele é conhecido pelas cutcenes longuíssimas e narrativas que alguns diriam que são doidas, mas eu acho que são na verdade não convencionais. Existe uma lógica por trás das obras de Kojima, que talvez não fique aparente numa visão superficial, mas que recomenda muito um olhar mais demorado.
The Creative Gene acaba passa batido pelas autoanálises diretas dos jogos de Kojima, mas é na verdade um conjunto de resenhas do kojima sobre filmes, séries, livros e músicas. Por trás do game designer, se esconde um incrível crítico, nesta relação de filmes e livros que mais o influenciaram. Uma forma indireta de entender a mente de Kojima a partir do que ela absorve, e não do que ela produz.
Kojima enfatiza muito a ideia de manutenção de uma cultura e civilização passando adiante seus “memes”, a contrapartida da comunicação dos genes da biologia. São nossas ideias, vontades e obras que passam para a eternidade na “poça memética” conforme influenciamos outras pessoas. É uma visão interessante, com uma ênfase muito grande na importância da conexão entre pessoas.
É muito interessante o processo que Kojima descreve para escolher que livro vai ler. Ele visita livrarias diariamente, para ver o que acontece no mundo. Um ponto interessante que ele levanta é a diferença entre ir fisicamente a uma livraria e pesquisar online. Pelos algoritmos de interesse, a internet acaba te alimentando mais do mesmo do que você já gosta.
The Creative Gene mostra que por trás do game designer se esconde um excelente crítico. Kojima cultiva um estado de abertura para a Criatividade, que me lembrou O Homem que Passeia. Também um ser humano de grande sensibilidade, com olhar para a beleza poética das coisas e comentários interessantes sobre coisas simples. Por exemplo, como a distância entre uma carta e outra em uma troca de cartas, a influencia que esse gap de tempo tem na comunicação.
E posso dizer que me enchi com mais de uma dúzia de sugestões de leitura adicionais com esse livro.
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