“A truly wise person is not someone who knows everything, but someone who is able to make sense of things by drawing from a extended resource of interpretation schemes”.
How to Take Smart Notes é um livro sobre a organização de um “segundo cérebro” de notas, pensamentos, de uma forma que eles se organizem em uma “rede neural” de referências pessoais. Ele é baseado em um método chamado [[Zettelkasten]], desenvolvido pelo sociólogo [[Niklas Luhmann]], que a grosso modo consistia em escrever a ideia em cartões identificados e relacionados em outros cartões.
Luhmann acabou publicando 70 livros, mais de 400 artigos acadêmicos e atribuía sua produtividade, e profundidade de suas ideias, ao seu sistema de “cartõezinhos”, que chegou a ter ao final mais de 90 mil cartões catalogados e interrelacionados. A resposta de Luhmann atribuindo seu sucesso ao sistema de cartões foi por muito tempo considerado o comentário humilde de um gênio. Apenas mais recentemente o método de Luhmann começou a ser analisado à sério e sua utilidade ampliada devido aos softwares de hyperlinks.
Segundo Cérebro na verdade não é um termo que eu gosto tanto, porque a ideia é mais ter um sistema que compense as falhas do seu cérebro orgânico, principalmente o arquivamento objetivo de informações. Se livrar dessa parte falha de lembrar de detalhes permite que o nosso cérebro se dedique ao que ele é bom de verdade: a busca de padrões e conexão entre informações aparentemente separadas.
Outro ponto importante de levantar é a diferença entre criar essa “rede neural” de um banco de dados. Um assunto como [[Viés cognitivo]] você pode colocar em uma pasta chamada “Psicologia”. Mas daí você está estudando produtividade e o tema caberia em “Produtividade”. Em um banco de dados tradicional, um assunto só estaria em uma pasta. No Zettelkasten, um pensamento puxa o outro de formar muitas vezes surpreendentes, se tornando uma ferramenta poderosa para o estímulo da criatividade.
O livro me lembrou a minha trajetória pessoal com anotações. Começou com eu lendo um livro e me dando conta de que eu já tinha lido ele antes seis meses atrás e simplesmente não recordava. Por isso eu comecei a fazer essas “resenhas” de livro, primeiro em blog e depois em vídeo, que era uma forma para que eu sedimentasse as ideias que eu tive no livro ao escrever um texto sobre ele [[Nas minhas próprias palavras]].
Com o tempo as resenhas se tornaram dezenas, depois cem, e hoje são centenas. E chega uma hora que algo que eu escrevi dez, quinze anos atrás, pra todos os efeitos é como se um estranho tivesse escrito. Por isso eu sempre pensei em métodos de recuperar as memórias antigas. No meu diário pessoal eu leio a entrada daquele dia de anos anteriores. Vejo os vídeos de 1 segundo por dia do mesmo mês de anos anteriores. Assinei um serviço como o [[Readwise]], que me recorda de passagens que eu grifei lendo livros digitais.
Mas esse sistema ainda é falho. Porque essas lembranças voltam sem o seu contexto, apenas arbitrariamente por estarem na mesma data. Foi isso que me atraiu no [[Zettelkasten]], essa interconexão dos assuntos através de ideias. Uma ideia nova conectando com as do meu passado.
A grande ideia é não pensar em um sistema de guardar informação, como pilhas de cadernos que vão ficar para sempre empilhados, mas um sistema de recuperação de informação.
O tom do livro é muito voltado para trabalho acadêmico, mas eu tentei adaptar para… eu sinceramente ainda não sie pra quê. Eu sei que pelos últimos anos tenho me sentido anestesiado criativamente, tanto para os vídeos aqui do YouTube quanto para a escrita de ficção. Quem sabe escrever ideias em cartõezinhos, virtuais no meu caso, era tudo o que eu precisava.
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