Fables, de Bill Willingham 📖 Leituras do Solari #211

Fables é uma série de HQs do selo Vertigo que foi lançada entre 2002 e 2015. Ela acompanha personagens de contos de fadas tendo que viver como refugiados no mundo real após as terras de faz-de-conta serem atacadas por um misterioso inimigo conhecido apenas como o Adversário. Branca de Neve vira a presidente dos refugiados, e – quem diria? – o Lobo Mau vira o xerife.

Por ser uma HQ com mais de uma década de histórico de publicação, é difícil fazer uma resenha contemplando tudo, uma vez que sucessivos arcos de história vão se sucedendo ao longo dos anos. Esse tamanho também torna difícil se aprofundar numa resenha sem entrar em spoiler, uma vez que arcos inteiros nascem de acontecimentos específicos.

Alguns arcos que me impactaram muito mais do que outros, mas existe uma grande variedade de temas. De contos da carochinha, histórias de guerra – da Segunda Guerra com tanques ou fantásticos com dragões – , histórias de família, de viagens épicas, contos de fábulas do oriente médio e japonesas, produções de blockbusters de Hollywood, mistérios de detetive, roubos ousados e até uma revolta comunista. Histórias de pureza e cavalheirismo ou da mais profunda maldade.

Para mim o trecho mais poderoso é o do início, com a introdução das Fábulas e o mistério sobre a identidade do Adversário, cuja revelação da identidade me foi um pouco anticlimática, e a série ficou órfã de um bom vilão até a aparição de um tal Mr. Dark.

O ponto forte da série para mim é o impacto entre as fábulas e a vida no mundo humano. Como elas se adaptam à nova realidade buscando emprego, novas ocupações, e fábulas que não podem se integrar de forma convincente entre a humanidade por sua aparência – e falta de poder aquisitivo para comprar magias de disfarce – são relegadas a uma fazenda.

A saga traz diversos personagens marcantes. Como o Lobo Mau reformado, Cinderela virando uma agente secreta, o príncipe Flycatcher\Ambrose que vira uma versão pacifista da lenda do Rei Arthur, O Príncipe Encantado como um galanteador inveterado, mas golpista e completamente tóxico. Mostrando que é melhor as histórias terminarem num casamento e deixar as coisas com “viveram felizes para sempre” mesmo.

Lendo Fables também lembrei da ideia de Alan Moore de um universo no qual todos os personagens de ficção coexistem e interagem. O criador de Fables, Bill Willingham, disse que praticamente a única consideração que teve para incluir um personagem era saber que ela estava em domínio público. Então temos Gepeto interagindo com Cinderela, e diversas outras variações.

Fables tem pontos altos e baixos ao longo de sua narrativa, mas possui grande criatividade e variedade, e para mim vai ficar como um uma jornada épica da inventividade humana.

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