Do professor de história de Yale Timothy Snider, Sobre a tirania mostra como o momento político atual do mundo é muito semelhante com a ascensão dos regimes nazistas, fascistas e comunistas do começo do século 20.
A gente tem sempre ideia de que vive um momento político novo, mas a verdade é que as tecnologias podem ser novas – tipo fake news por ciborgue de whatsapp – mas a natureza da tirania tentando avançar sobre a democracia é a mesma de 100 anos atrás.
Rejeitar verdades factuais, dados e jornalismo como perseguição, líderes que afirmam ser a voz do “povo” – sendo que o povo é só o “verdadeiro”, uma parcela da população -, rejeitar a ciência em nome da vontade de acreditar, ódio a ONGs e atividades beneficentes, manipulação pelo medo, uso de forças paramilitares, usar a liberdade de expressão quando lhe convém e como arma para calar a liberdade do próximo.
“A linguagem de Hitler rejeitava a oposição legítima: a expressão ‘o povo’ sempre significava algumas pessoas e não outras […] e qualquer tentativa por parte de indivíduos livres de ver o mundo de uma maneira diferente era difamação do líder. […] Como Hitler, o presidente empregou a palavra ‘mentiras’ para designar declarações factuais que não lhe agradavam, e retratou o jornalismo como uma campanha pessoal contra ele.”
Temos aquela imagem de golpe de Estado com tanques tomando o congresso e etc, e obviamente esse perigo existe, mas o real perigo são os “golpes parcelados”, a constante e gradual erosão das instituições. Ignorar a ciência. Se acostumar gradualmente por alguns anos com o “novo normal” ou “fatos paralelos”.
Com a queda dos regimes comunistas se arraigou na nossa mente a ideia de “fim da história”, de que as sociedades caminharam naturalmente para a democracia liberal por não existir a “outra via” do comunismo.
Patriotismo não é beijar bandeira, cantar hino chorando, patriotismo é zelar pelo que forma a pátria em primeiro lugar: as pessoas. Todas as pessoas, não só uma parte, os de verdade, os puros.
Tirania não é de esquerda ou de direita. É dos dois. No final, uma ditadura de esquerda e direita muda o dissidente leva bala do mesmo jeito.
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