“Intelligence is the handmaiden of flexibility and change. Dumb animals can change only as fast as natural evolution. Human equivalent races, once on their technological run-up, hit the limits of their zone in a matter of a few thousand years. In the Transcend, superhumanity can happen so fast that its creators are destroyed. It wasn’t surprising then that the Powers themselves were evanescent.”
A Fire Upon the Deep é um livro lançado em 1992 e vencedor do prêmio Hugo. Ele tem uma ambientação interessante, com a nossa galáxia dividida por “zonas de pensamento”. Quanto mais próximo do centro da galáxia, mais lento é o pensamento e tecnologias avançadas não funcionam. Em contrapartida, nas extremidades da galáxia habitam entidades com inteligência e poder análogo à de deuses. Drives mais velozes que a luz, que tornam a viagem intergalática possível também não funcionam muito próximo ao centro, deixando as civilizações dessa região praticamente isoladas.
As zonas se dividem assim:
Unthinking Depths – Área próxima ao centro da galáxia onde a inteligência é praticamente impossível de existir.
Slow Zone – Região onde a Terra fica, com limitações de tecnologia e velocidade de viagem.
Beyond – Área que se formou uma “civilização de civilizações”, unidas por uma espécie de Intranet galáctica e possibilidade de viagem e comércio.
Transcend – Área de civilizações que ascenderam se tornando entidades absurdamente poderosas. Entidades tão poderosas que pensam o equivalente a todo processamento computacional da história da humanidade em poucos segundos.
Eu achei fascinante essa ideia de uma limitação física aos limites da inteligência. Ir ao centro da galáxia é quase como mergulhar com um submarino em um oceano com limites cada vez maior na pressão do casco.
E o autor descreve muito bem os perigos que podem vir do Trancend, com humanos acordando algo que pode destruir o universo. E gosto muito como ele descreve a ameaça que é algo que em cinco segundos produz mais informações que cinco bilhões de anos da civilização humana. Por mais que se passe apenas alguns momentos, é como se a entidade tivesse pensado por eras e eras. Para uma AI com processamento suficiente, o tempo da maneira que os seres humanos o compreendem é irrelevante.
O autor também cria uma das mais interessantes raças alienígenas que eu vi na literatura, os Tines, uma raça de cachorros conscientes cujas mentes se unem numa matilha. Cada “cão” é incapaz de pensamento inteligente individualmente, mas se torna uma “pessoa” com a união de 6 a 8 cães, sendo que cada uma contribui para a identidade do indivíduo. Merge de mentes. A morte na verdade é uma transição constante entre diferentes integrantes, conforme os membros individuais da matilha vão morrendo. E o autor captura bem essa transitoriedade de essência.
A Fire Upon the Deep tem uma alternância de escala muito interessante. Um capítulo lida com milhares de civilizações interagindo, o próximo com um mundo ainda em estado medieval. O livro também tem um curioso sistema de conversas por messageboards, tipo uma internet galáctica.
Minhas críticas seriam que o livro é um pouco louco, e o final me foi um pouco anticlimático, mas gostei da leitura desse livro ambicioso pelas ótimas descrições de super-inteligências e raças alienígenas criativas.
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