Memetic (HQ), de James Tynion IV 📖 Leituras do Solari #180

Memetic traz um apocalipse zumbi no qual o vetor de contaminação é um meme de um bicho preguiça de boaça. A premissa tem seu lado meio bobo, mas acaba botando a gente pra pensar em como a comunicação humana se espalha, principalmente na era da internet.

Sempre achei interessante a ideia de memes como organismos vivos. A gente fala que um meme viraliza, e de fato eles nos usam como hospedeiros para se espalhar, se modificam, se adaptam, competem com outros memes para se difundir e sobreviver. Por isso gosto de sites que mapeiam a história de memes, como o Know Your Meme, que mostra de fórum obscuro os memes surgiram, suas variações, o quanto e quão rápido a “epidemia” se espalhou pela internet.

Gostei como a HQ mostra de forma bem realista essa euforia que temos quando vemos um meme que gostamos na internet e precisamos repostar. Esse prazer de infectar os outros com aquela foto de gato fofinho, de Keanu Reeves sossegado, gif de criança fazendo dancinha engraçada. A sensação de que espalhar os nossos interesses torna as pessoas mais próximas a nós.

Um dos personagens mais interessantes é um garoto que tem imunidade ao meme por ser daltônico e ter problemas de audição. Ele tem uma perspectiva interessante de “outsider”, já parece desde o início meio esquisitão e alheio à sociedade, mas buscando essa reconexão. O traço em si é um pouco cartunesco, principalmente as faces e expressões dos personagens, o que acaba ajudando a montar o tom de estranheza da HQ.

Memetic nos bota pra pensar também o quanto nós somos somos entidades autônomas e não neurônios de algo maior, parte de um superorganismo que simplesmente ainda não adquiriu consciência. Mas quem sabe um dia.

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