Uma fantasia violenta e implacável com sabor de faroeste que traz personagens extremamente bem construídos e diálogos afiados
Red Country é uma mistura de fantasia ao estilo Game of Thrones com um toque de faroeste; completo com febre do ouro, fronteiras inexploradas sem lei e bandos de criminosos.
A história tem dois ramos que acabam se unindo. Um segue uma mulher e seu padrasto no encalço do grupo que queimou sua fazenda, matou metade da família e raptou outra metade. A outra mostra uma companhia de mercenários altamente inescrupulosos, com um líder cínico e falastrão que solta frases ótimas do tipo: “a segunda coisa que um mercenário precisa é de uma boa arma. A primeira é bom aconselhamento legal”.
O que torna Red Country excepcional são os personagens. Como nos westerns, os “bonzinhos” nas bordas da civilização são na verdade os menos maus. São tipos embrutescidos pela necessidade de sobreviver na fronteira da civilização e que não raro cometem atrocidades, mas que no fundo possuem alguma característica redentora. Como se bondade insistisse em tentar brotar timidamente ali, apesar do ambiente inóspito.
Um personagem que gostei muito se chama Lamb. É o típico gigante pacífico, incapaz de machucar uma mosca e motivo de chacota na cidade. Conforme transcorre a jornada de busca de seus afilhados sequestrados ele muda, no entanto, trazendo à tona o seu passado violento. No final percebe-se que ele é assustador, como se define, “o melhor a amigo da morte”. A progressão contínua é muito bem construída.
Lendo Red Country depois de Star Wars Scoundrels me fez pensar na diferença que bons personagens fazem. A história do primeiro chega a ter muito mais desenvolvimento do que a do segundo, mas com personagens insípidos o leitor pouco se preocupa com os rumos da narrativa. Para mim mais vale uma história de um bom personagem sentado em um banco fazendo nada do que um raso salvando o universo. Ponto positivo também para os diálogos de Red Country, alguns dos melhores que eu já li.
O autor Joe Abercrombie tem outros livros ambientados no mesmo universo, que parece uma versão paralela da nossa Renascença com toques bem leves de fantasia.
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