Obra de Gaiman revela uma segunda Londres, de natureza fantástica, escondida debaixo da cidade real
Neil Gaiman se mostra em Neverwhere (lançado no Brasil como Lugar Nenhum), um exímio contador de histórias com uma estrutura que pode ser descrita como “aliciana”. O protagonista vive no mundo real, encontra algo fantástico como um coelho atrasado e percebe até onde desce a sua toca.
O livro é um conto de fadas para adultos, outro nicho no qual Gaiman se especializou, e tem um tom sombrio que lembra os trabalhos do diretor Tim Burton.
Neverwhere teve uma história de criação inusitada. Antes de romantizada, foi um programa de televisão em episódios transmitido pela BBC em 1996, atingindo mais sucesso em sua forma literária do que televisiva, conduzindo a obra às listas de best-sellers do Los Angeles Times e do San Francisco Chronicle, entre outras.
A obra conta a história de Richard Maynew, um jovem trabalhador londrino com uma vida pacata e sonhos igualmente pacatos. Enquanto se dirige com sua noiva para um importante jantar com seu chefe, ele encontra uma misteriosa jovem chamada Door que está fraca e sangrando. O que ele não sabe é que ela é a filha de nobres de London Below, versão fantástica da cidade que é dividida em feudos e habitada por pessoas que falam com ratos e os idolatram, imperadores de carros do metrô, criaturas vampíricas, mercados de pulga que aparecem à noite em grandes lojas de departamentos, um par de assassinos com ares de imortais e a temida Besta de Londres, gigantesca criatura que assombra os habitantes do subterrâneo.
Gaiman consegue dar vida a todos esses cenários de uma forma criativa, que deixa o leitor constantemente se perguntado que maravilhas aquele mundo esconderá na próxima página. Com a ignorância do protagonista sobre as regras daquele mundo, o leitor vai sendo apresentado junto de Richard àquela nova realidade. Alguns trechos impressionam bastante pela afiada descrição, em particular o encontro com a Besta de Londres, que transmite uma sensação de magnitude e magia.
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