O Amaldiçoado (Horns), por Joe Hill 📖 Leituras do Solari #158

Um livro poderoso sobre o lado negro da humanidade, que acompanha um homem que acorda com a capacidade de descobrir os piores pecados de pessoas comuns

Horns traz Ignatius, sujeito que acorda com um par de chifres depois de uma noitada. E ao invés de significar que ele foi corneado pela namorada – se bem que isso aconteceu também – quer dizer que as pessoas agora se sentem compelidas a contar seus desejos mais sombrios para ele. Elas também pedem para ele permissão para cometer atrocidades, como se apenas precisassem da permissão de Ig.

Antes Ig já era assolado por seu passado. Sua namorada Merrin foi brutalmente estuprada e assassinada há cerca de um ano e ele foi considerado suspeito, mas liberado por falta de provas. Mesmo assim, ficou com a fama na cidade de que era um assassino e pervertido sexual que só se livrou da condenação por ter um bom advogado.

Eu gosto muito desse tema do lado negro oculto em pessoas aparentemente comuns. É assustador o quanto isso é verdade, em um mundo em que o vizinho aparentemente normal tem três escravas sexuais trancadas em casa por uma década. Hill explora muito bem esse aspecto, em particular quando Ig descobre o que pensam realmente sobre ele seus amigos e familiares.

In a lot of ways, I guess Satan was the first superhero.’ ‘Don’t you mean supervillain?’ ‘Nah. Hero, for sure. Think about it. In his first adventure, he took the form of a snake to free two prisoners being held naked in a Third World jungle prison by an all-powerful megalomaniac. At the same time, he broadened their diet and introduced them to their own sexuality. Sounds kind of like a cross between Animal Man and Dr Phil to me.’

Joe Hill é filho de ninguém menos que Stephen King. O estilo dos dois escritores é semelhante nos melhores aspectos, mas gostei como Hill parece ser um pouco mais direto. Eu tive que ler Horns aos poucos ao longo de semanas, não porque era chato, mas porque ele me perturbou bastante.

Histórias com atrocidades já li muitas. O assustador dessa é como consegue tornar o psicopata normal, humano. Ele não se considera ruim – nem o maior facínora se considera – e sua lógica interna acompanhada passo a passo pela narrativa é impecável. Faz sentido ele fazer o que faz.

Um livro poderoso que mexeu bastante comigo, de uma forma que me colocou de frente com meus demônios.

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