Song of Kali, de Dan Simmons 📖 Leituras do Solari #156

Obs: escrevi essa resenha após a minha leitura original há cerca de dez anos. Um caso interessante de como a minha lembrança do livro hoje é mais assustadora do que a resenha original que escrevi. Talvez por eu ter fantasiado a história na minha cabeça, talvez pelos anos a mais me darem um medo renovado da deusa Kali.

Obra sobre o o mal como força primordial e sobre o encontro entre a arrogância ocidental com o exotismo oriental

Encontrei Song of Kali, escrito em 1985, em mais de uma lista de melhores livros de fantasia e ficção científica. Li como sendo uma das histórias mais assustadoras que existem, tanto em blogs quanto na Amazon ou nas redes sociais de livros que frequento. Quando chegou a caixa com minha encomenda mensal, eu catei logo este livro pra ler de cara, deixando os demais como um pai negligente que não esconde a preferência pelo filho predileto. “O que será que tem de tão assustador”, pensei encarando os olhos da capa.

A história segue um poeta e editor norte-americano de nome Robert Luzcack que vai a Calcutá junto da mulher de descendência indiana e da filha de um ano para recolher trechos de um poeta brilhante chamado M. Das, que estava desaparecido há oito anos e supostamente morto. Enquanto busca o autor, o intelectual acaba se envolvendo com um culto de adoradores da deusa que deu nome à cidade, Kali. Deusa do tempo, mudança, morte e destruição.

Se eu fosse prefeito de Calcutá, jamais convidaria Dan Simmons para escrever os folhetos turísticos. Ele mostra a cidade como um antro de calor insuportável, miséria absoluta, doença, falta de higiene, superpopulação, poluição descontrolada, ganância e crueldade. Como se a cidade fosse encoberta por um “miasma”, uma atmosfera poluída que corrompe tudo que ali adentra. A história tem um crescendo semelhante a de obras como O Céu que nos Protege, mostrando a ingenuidade e orgulho do intelectual conforme ele entra em um ambiente estrangeiro que não compreende.

Mas cheguei à conclusão que talvez as outras pessoas se assustem muito mais facilmente do que eu.Song of Kali é uma tremenda história, muito bem escrita e com um crescendo de tensão montadinho, mas eu não me identifiquei muito com o protagonista. Como quando fazem algo extremamente estúpido em um filme de terror como dividir o grupo, entrar no porão escuro procurando pelo amigo ou resolver tomar um banho no lago sombrio.

Há momentos assustadores de fato, especialmente quando Kali resolve fazer uma aparição de carne e osso e outro envolvendo a filha do casal. As cenas de fantasia ou sobrenaturais são mínimas na realidade. Se você levar em conta a confusão mental do personagem, seria até possível considerar que elas sequer existiram.

No geral, valeu pela excelente criação da atmosfera mais do que a história em si.

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