O ano era 1996, eu ganhei um curioso “filme interativo” chamado Under a Killing Moon com uma história de detetive noir no futuro que vinha em incríveis 4 CD-ROMs! E eu precisei convencer o meu pai que era importantíssimo termos 8MB e não só 4MB de RAM no computador para eu poder fazer a desgraça rodar. A qualidade do filme em si pode ser descrito como se alguém tentasse fazer um blade runner com 1% do orçamento e se levando 1000% menos a sério.
Estou lendo agora a novelização, que se mantém fiel à narrativa, mas tem uma pegada mais sombria que o jogo. A história acompanha Tex Murphy, detetive de uma Los Angeles dos anos 2040, que para todos os efeitos caberia mais em 1940. Tex é falido, divorciado, alcoólatra e cheio de sacadas irônicas e autodepreciativas. De um caso inicial contratado para “adquirir” de maneira não exatamente legal uma estatueta, ele acaba entrando em uma conspiração envolvendo sociedades secretas, nazistas eugênicos do futuro, fêmeas fatais e capangas mais fatais ainda.
É difícil para mim saber o quanto eu ter gostado da leitura envolve a nostalgia com o jogo original. O livro não é ficção científica nada hard, e a história tem muitos furos na narrativa. Mas Under Killing Moon veste tão bem a camisa de filme b e de uma história pulp divertida na melhor tradição dos paperbacks que nada disso importa. Ajuda muito que o personagem de Tex é muito carismático, e me senti mais curioso com as observações que ele iria fazer com o que encontrava do que com os saltos da narrativa em si.
O bairro de Chandler’s Avenue e seus personagens também são um ponto forte. Como amante de padocas do bairro, me senti em casa lendo sobre as conversas no dinner do Louie, um mutante bonachão que sempre segura a crescente conta de Tex. Under a Killing Moon é um livro divertido, sem pretensões e com um protagonista carismático para quem busca uma aventura pulp no estilo das antigas.
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