Tropas Estelares, de Robert A. Heinlein 📖 Leituras do Solari #148

Uma das obras pioneiras da ficção científica militar, que recria um conflito no espaço do ponto de vista de um soldado comum das trincheiras

Starship Troopers é um clåssico da ficção científica militar, escrito por um veterano da Segunda Guerra que recria o conflito do ponto de vista do soldado das trincheiras. Só que no espaço ao invés da Europa e com insetos gigantes no lugar de nazistas.

O livro acompanha um soldado chamado Johnnie Rico conforme ele avança no escalão da infantaria móvel durante uma guerra da humanidade com uma espécie alienígena aracnídea. Os destaques são as descriçÔes da hierarquia e logística militar, armaduras de batalha e discussÔes morais, por incrível que pareça.

Existem muitas representaçÔes de como age um soldado treinado, mas Starship Trooperstambém mostra de forma convincente como eles pensam, tanto do ponto de vista tåtico como moral e filosófico.

Lançado em 1959, Ă© atĂ© hoje um livro bem criticado por ser considerado fascista e glorificar a guerra. HĂĄ um professor de histĂłria tecendo diversas crĂ­ticas “às democracias do sĂ©culo 20″, criticando o comunismo, leis de direitos humanos – que levariam Ă  delinquĂȘncia juvenil e criminalidade desenfreada – e Ă© ambientado em uma sociedade em que apenas ex-militares tĂȘm poder de voto.

It’s never a soldier’s business to decide when or where or how—or why—he fights; that belongs to the statesmen and the generals. The statesmen decide why and how much; the generals take it from there and tell us where and when and how. We supply the violence; other people—‘older and wiser heads,’ as they say—supply the control.

Isso tudo é verdade, mas qual o problema em ver isso representado em um livro? Exatamente esse seu tom faz com que Starship Troopers seja debatido até hoje, levantando questÔes importantes ao invés de ser apenas um sci fi só de aventura ao estilo Flash Gordon. Mesmo que Heinlein defenda pontos espinhosos no pós-guerra, cabe ao leitor pensar em um ponto de vista sem necessariamente aceitå-lo.

Heinlein também é autor de Stranger in a Strange Land . Achei o estilo dos dois livros muito diferentes, quase irreconhecível como o mesmo autor. Isso a meu ver mostra a desenvoltura literåria do autor, capaz de não ter apenas um estilo, mas de adaptar o estilo em função da história.

O tom militarista nĂŁo me incomodou, mas achei que os protagonistas rasos sĂŁo apenas um veĂ­culo para o escritor passar suas teorias sobre polĂ­tica e guerra do que estarem lĂĄ a serviço da histĂłria. A narrativa tambĂ©m nĂŁo tem o poder metafĂłrico de Forever War, outro clĂĄssico do gĂȘnero. Starship Troopers Ă© como um filme de propaganda da Segunda Guerra, Forever War um longa contestador da Guerra do VietnĂŁ.

Starship Troopers Ă© tambĂ©m conhecido pela adaptação ao cinema, de 1997. O filme Ă© bem diferente do livro e achei que explorou ideias mais interessantes – em particular sobre a polĂ­tica, humor negro e com mais cenas de ação. A leitura para mim foi semelhante Ă  de Fundação. Foi um clĂĄssico interessante de ler por seu papel pioneiro na ficção cientĂ­fica militar, mas nĂŁo me empolgou tanto.

Violence, naked force, has settled more issues in history than has any other factor, and the contrary opinion is wishful thinking at its worst. Breeds that forget this basic truth have always paid for it with their lives and freedoms.”

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