A Quinta Estação, de N.K. Jemisin 📖 Leituras do Solari #144

The Fifth Season é o primeiro livro da série Broken Earth da nova iorquina N.K. Jemisin, que fez história ontem como a primeira pessoa a ganhar o prêmio Hugo de melhor romance três anos seguidos, um para cada livro da sua trilogia.

Broken Earth é um nome apropriado para a série, que se passa em um planeta com uma atividade tectônica tão constante que até apocalipses cíclicos se tornaram parte do cotidiano, com a sociedade acostumada a constantemente se preparar para inevitáveis cataclismas. Em meio a essa sociedade fatalista, temos os oreges, “magos” capazes de criar ou evitar terremotos, os mais poderosos deles com o poder de causar eventos de extinção em massa e potencialmente até quebrar o planeta ao meio.

E claro que nada dá errado.

Eu gosto de histórias do fim do mundo, que questionam o que é “acabar o mundo” afinal, já que o mundo só acaba para alguém. Livros como o Earth Abides, que mostra que por mais que a civilização humana acabe, a Terra continua muito bem obrigado. Inclusive até melhor. The Fifth Season toca nesse ponto, construindo uma sociedade sempre obcecada com o fim do mundo, mesmo que toque o cotidiano ao mesmo tempo. Leis de sobrevivência equivalentes a uma lei marcial são colocadas em uso, ninguém fica muito longe de uma trouxinha com comida e água de emergência. Tudo pensado para quando uma erupção vulcânica particularmente forte encobrir o Sol por um ano ou dois.

O estilo de escrita da autora me pareceu o de alguém contando uma história oralmente, mais do que um livro escrito. Os personagens também trazem esse ar íntimo. Gosto como a história não se centra nos reis ou guerreiros, mas nos sobreviventes. As mães, as crianças, os esquecidos ao lado da rua enquanto os exércitos marcham. Até quando encontramos um mago ultrapoderoso que poderia quebrar o mundo, ele foge aos clichês, se revelando ser emocionalmente frágil como uma criança. É um mundo de extrema fantasia, mas de sensibilidade extremamente humana também. É particularmente tocante as construções do que só pode ser chamado de laços familiares entre estranhos.

Gostei também como essa perspectiva de pessoas fora da autoridade é construída de forma delicada. A história real vai sendo questionada, personagens vão crescendo, suas antigas motivações se tornando claras ou mudando, crescendo durante o livro como acompanhando vidas mesmo. Histórias de diversas perspectivas vão se unindo de uma forma criativa, e sempre há um ar de mistério sobre o que é verdade ou lenda. Sobre o que exatamente controla esse mundo quebrado.

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