Livro acompanha a busca pessoal de um homem sobre uma das maiores questões filosóficas da humanidade, através de entrevistas com pensadores
Why Does The World Exist? Ă© um livro que se define como “uma histĂłria existencial de detetive”, com a proposta de tentar responder uma pergunta tĂŁo boba que sĂł poderia ser levantada por crianças e metafĂsicos: por que o universo existe ao invĂ©s de nĂŁo existir nada?
Essa talvez seja a pergunta primeira da busca humana por conhecimento, que engloba de tudo desde o sentido da vida Ă natureza da consciĂŞncia Ă existĂŞncia de Deus. O autor Jim Holt definiu o livro como uma “histĂłria de detetive” porque segue sua prĂłpria busca pessoal, conversando com teĂłlogos, fĂsicos, filĂłsofos, matemáticos.
O assunto Ă© denso, mas Holt tem uma boa capacidade de explicar as diversas teorias que aborda para quem nĂŁo estudou uma vida de fĂsica quântica – gostei particularmente das explicações sobre a singularidade prĂ©-Big Bang. E teorias de explodir a cabeça vem aos montes, como multiversos nos quais todas as possibilidades da existĂŞncia existem em algum lugar ou modelos de mundo no qual o universo ao mesmo tempo existe e “inexiste”.
Eu acho de extrema importância o trabalho de cientistas como Michio Kaku e Stephen Hawking de divulgar para o pĂşblico em geral teorias tĂŁo complexas que chegam a parecer esotĂ©ricas. Einstein dizia que se vocĂŞ nĂŁo consegue explicar algo de forma simples Ă© porque ainda nĂŁo entendeu direito. E o grande trunfo do livro de Holt Ă© conseguir explicar de forma simples – para os padrões de fĂsica quântica e filosofia existencial – as teorias de dezenas de pensadores.
Then how can those laws explain anything? Perhaps they can’t. That was what Ludwig Wittgenstein thought. “The whole modern conception of the world,” Wittgenstein wrote in his Tractatus, “is founded on the illusion that the so-called laws of nature are the explanations of natural phenomena. Thus people today stop at the laws of nature, treating them as something inviolable, just as God and Fate were treated in past ages.”
O dilema de se responder essa pergunta pode ser exemplificado com o que aconteceu com Bertrand Russell em uma palestra. Ele foi abordado por uma Louca de Palestra – afinal, por lei universal toda palestra tem um ou uma – que disse que tudo o que ele falou era bobagem, que a Terra era plana e sustentada por elefantes sobre uma tartaruga. Russell riu e perguntou para a mulher o que sustentaria a tartaruga, e ela respondeu: “tem tartarugas até lá embaixo!”. A ciência busca a, digamos, “supertartaruga” na qual tudo se sustenta. Mas mesmo que essa Teoria Final fosse encontrada ainda restaria a pergunta: por que tartarugas? Se desvendássemos todas as leis do universo ainda restaria a questão: por que essas leis são assim?
É curioso como, ao final de Why Does the World Exist?, eu senti como se não estivesse um passo sequer da resposta sobre porque o mundo existe ao invés de não existir. Ao mesmo tempo, senti como se isso não importasse. Talvez seja melhor encarar a questão como um enigma budista sem resolução: algo para ser contemplado, jamais respondido.
Demais. E bela capa, hein?!