Uma HQ didática de biologia cerebral em formato de viagem nonsense ao estilo Alice no PaÃs das Maravilhas
Povo que me vê postando no Instagram cartãozinho de estudo de japonês à s 6h da manhã pode achar que eu fui um ótimo aluno na escola e faculdade. Mas a realidade foi a oposta. Sempre fui um péssimo aluno no sistema convencional de ensino, mal fazendo o mÃnimo necessário. Repeti o primeiro colegial e acumulei dependências na faculdade por alguns anos depois que deveria estar formado. A palavra “sofrÃvel” vem à mente.
Mas sempre fui extremamente curioso. Eu lembro de um dia, acho que oitava série, que eu tinha uma prova de matemática que não poderia ir mal de jeito nenhum e estava mais preocupado em decorar o alfabeto grego em uma enciclopédia. Por que diabos o alfabeto grego? Não sei. Só lembro que estava curioso. Quando a Wikipédia apareceu eu tentei, sem brincadeira, “ler A Wikipédia”. Inteira. Não deu muito certo. Demorou um tempo pra entender que eu sou um excelente aluno, mas pro me interessa. E por experiência posso dizer que muita coisa doida sem aplicação prática nenhuma me interessa.
A HQ Neurocomic me lembrou essa história porque acho que seria o tipo de maluquice que eu adoraria ter nas minhas mãos em uma aula de biologia quando era adolescente. Ela pode ser descrita como um quadrinho bem didático de ensino do funcionamento do cérebro feita com cuidado por dois neurocientistas renomados, mas com o estilo de arte como se um deles tivesse fumado cogumelo. Na história, um homem vai todo animado de encontro a uma mulher bonita e acaba caindo dentro do próprio cérebro. E ao tentar sair dele conhece pensadores que estudaram o órgão ao longo dos anos e maluquices como lulas sinápticas e lesmas que tocam banjo.
Para mim essa estranhice toda não pareceu ser algo gratuito, mas salienta como o cérebro é mesmo uma máquina maluca – um supercomputador aquoso de meio quilo com mais neurônios que estrelas na galáxia – e o quão pouco nós sabemos sobre ele. O nonsense também ajuda a encaminhar a discussão gradualmente do biológico para o filosófico, chegando na natureza da identidade e consciência.
Eu pensei qual seria o público alvo de Neurocomic. Crianças que tomaram ácido foi a primeira ideia que veio à minha cabeça, mas não sei se existe um mercado editorial muito amplo para esse segmento. No final decidi que o público alvo fui eu, ou malucos curiosos como eu que preferem estudar grego no dia da prova de matemática. Bom saber que existe mais de nós por aà pra justificar publicar um livro.
Obs: Esse livro foi enviado para o blog e canal Guilherme Solari Tube pela editora Darkside.
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